Universidade Católica parceira da Cáritas no evento de apresentação do Estudo “Pobreza e exclusão social em Portugal"

“Portugal sem Pobreza: desafios e oportunidades” foi o título da conferência organizada pela Cáritas em parceria com a Universidade Católica Portuguesa no Porto e pela Cáritas Diocesana do Porto. No evento, que reuniu entidades e personalidades do setor social, universitário e empresarial, foi apresentado o estudo “Pobreza e exclusão social em Portugal: uma visão da Cáritas”, que indica que no período entre 2019 e 2023 "não se observaram progressos significativos no combate à pobreza mais extrema no país". Eis um grande desafio que persiste e que, segundo a Cáritas, precisa de “políticas mais exigentes e mais direcionadas aos segmentos mais vulneráveis da população".

“O assunto da pobreza deve convocar-nos a todos para ajudar a encontrar soluções para este problema social sério do nosso país”, afirma Isabel Braga da Cruz, pró-reitora da Universidade Católica Portuguesa no Porto, na sessão de abertura. Ideia reforçada por Paulo Gonçalves, presidente da Cáritas Diocesana do Porto. A pró-reitora refere, também, que “a Universidade Católica no Porto tem vindo a trabalhar os temas da responsabilidade social em várias dimensões – ensino, investigação, extensão universitária, e, por isso, sente-se profundamente comprometida com os valores que a Cáritas defende. Também a Universidade procura contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e solidária.”
O evento, que teve como propósito debater os principais problemas que afetam o país, traçando um panorama da luta contra a pobreza e exclusão em Portugal e simultaneamente procurando traçar cenários futuros que perspetivem a sua erradicação, decorreu a 27 de fevereiro.

 

Estudo do Observatório da Cáritas

“Portugal é um país onde subsistem níveis elevados de pobreza e exclusão extremas. Em 2023, de acordo com as estatísticas do INE, mais de 500 mil indivíduos viviam numa situação de privação material e social severa. Entre 2019 e 2023, não se observaram progressos significativos no combate à pobreza mais extrema em Portugal. Em várias dimensões a situação até se deteriorou. O aumento do número de pessoas em situação de sem-abrigo ou sem capacidade de manter a casa aquecida são disso exemplos claros”, refere o estudo.
Durante o evento, foi Nuno Alves, do Observatório de Pobreza e da Fraternidade da Cáritas, a apresentar os principais resultados do estudo “Pobreza e exclusão social em Portugal: uma visão da Cáritas”.

 “Acreditamos que esta reflexão feita através da identidade e da missão da Cáritas, poderá ser um contributo para a sociedade, mas também para todos os decisores políticos que têm na sua atividade a possibilidade de desenhar políticas de resposta adequadas à resolução dos problemas daqueles que se encontram mais vulneráveis”, afirma Rita Valadas, presidente da Cáritas Portuguesa.

 

A Cáritas e a Universidade Católica

João Neves Amado, membro do Conselho da Direção da Faculdade de Ciências da Saúde e Enfermagem da Universidade Católica Portuguesa e vogal da direção da Cáritas Diocesana do Porto, apresentou o estudo de caso “Extensão Universitária da Católica com a Cáritas Diocesana do Porto”. Nesta apresentação deu a conhecer a parceria que existe entre a Cáritas e a Escola de Enfermagem (Porto), no âmbito da prestação de cuidados de saúde através do Centro de Enfermagem da Católica.

Durante o evento, houve, também, momento para um debate. Subordinado ao tema “Pobreza e exclusão social em Portugal: Um problema de todos”, o debate, moderado por Rui Saraiva, jornalista e correspondente do Vatican News, contou com a participação de Américo Mendes, docente da Área Transversal de Economia Social da Universidade Católica Portuguesa no Porto, de Liliana Lopes, da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza 2021-2023, de Margarida Ferreira Marques, da Coordenação do Hub Economia de Francisco em Portugal, e de Pedro Fraga, da direção da Conferência Empresarial de Portugal.

Liliana Lopes mencionou a importância de haver um “escrutínio dos programas eleitorais sobre o que dizem relativamente à pobreza” e Américo Mendes refere que o “centralismo é um problema” no combate à pobreza e que “é preciso combater a ideia de que as IPSS são subsídio-dependentes. O correto é afirmar que recebem do Estado o pagamento pelos serviços que prestam a toda a comunidade”. Já Margarida Ferreira Marques sublinhou a importância de se trabalhar pela dignidade do trabalho e de ser necessário “olhar a realidade e ligarmo-nos”. Pedro Fraga alertou para o facto de “ser necessário criar as condições para o aumento dos salários, apostando na qualificação dos empresários e em alterações de política fiscal”..

O evento decorreu no âmbito da Semana Nacional da Cáritas. Com o tema “Cáritas, O Amor que Transforma”, esta semana pretende dar “cara” a todos aqueles que diariamente procuram a Cáritas na expectativa de um sinal de esperança. A Universidade Católica Portuguesa associou-se à causa, num compromisso de partilha dos valores desta causa.

 

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29-02-2024