Católica dá um passo importante na neuroreabilitação

Uma equipa de investigação da Universidade Católica, no Porto, recebeu um exosqueleto (i.e. pernas robóticas) para a realização de estudos de reabilitação em pessoas com doenças neurológicas. Miguel Pais-Vieira, investigador do Instituto de Ciências da Saúde, refere “a utilização de exosqueletos para locomoção encontra-se nas primeiras fases, sendo que em Portugal existe um número muito reduzido de tais dispositivos”.

A novidade do estudo que envolve membros do Instituto de Ciências da Saúde (Miguel Pais-Vieira, Carla Pais-Vieira e Mehrab Khazraei; CIIS/ICS) e do Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes (André Perrotta, CITAR) não se fica pela utilização de um exosqueleto. Neste caso, a importância do estudo reside no facto de que o exosqueleto será controlado diretamente pela atividade cerebral do utilizador. Por outras palavras, o utilizador apenas terá de pensar em caminhar e os comandos cerebrais registados através de EEG (eletroencefalografia) serão descodificados em tempo real servindo como instrução para que o exosqueleto inicie a marcha. Em estudos anteriores demonstrou-se que esta combinação de técnicas (que neste caso irá ainda ser complementada com realidade virtual e feedback tátil e térmico) pode levar a melhorias significativas em casos de lesão vertebro-medular.

 

A figura demonstra o arranjo que será utilizado em pacientes com lesão vértebro-medular. O exosqueleto permite a locomoção da pessoa. No estudo realizado as ordens para início e fim de marcha serão dadas através da descodificação da atividade cerebral registada em tempo real.

 

O projeto é inovador porque irá combinar avanços na área da robótica, tecnologia das artes, neurociências, psicologia, análise proteica, e reabilitação num único protocolo de reabilitação. Assim, a concretização deste projeto permitirá dar dois passos importantes: replicar avanços tecnológicos recentes, trazendo esta nova tecnologia para o país; e determinar se a introdução de novas variáveis pode levar a uma melhoria no protocolo de reabilitação.


A equipa do projeto é constituída pelos investigadores André Perrotta, Mehrab Khazraei, Miguel Pais-Vieira, Carla Pais-Vieira.

 

O consórcio, que juntou esforços para atingir este objetivo, é composto por membros da Universidade Católica Portuguesa (CIIS/ICS, Escola das Artes, FMD), da Universidade do Minho (ICVS, Centro Algoritmi), Hospital de Guimarães, Hospital de Braga, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Brasil) e Instituto Santos Dumont (Brasil). O suporte para a realização deste projeto é proveniente da FCT (IF/00098/2015), Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (MC-12-18), Fundação Bial (Bial 96/2016), Norte 2020 (PersonalizedNOS NORTE-01-0145-FEDER-000013), assim como da companhia privada ExoAtlet.

Janeiro 2020

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