Isabel Madureira: “Acredito que uma pequena ação faz sempre a diferença no dia de alguém.”

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Isabel Madureira tem 19 anos e é estudante do segundo ano da Licenciatura em Direito, da Escola do Porto da Faculdade de Direito. Determinada, decidida e com muito interesse pela área dos Direitos Humanos, confessa que “a partir do momento em que soube que queria ingressar na Licenciatura em Direito, não hesitei em escolher a Católica.” A estudante refere, também, que a CAtólica SOlidária, da Unidade de Desenvolvimento Integral da Pessoa (UDIP), representa uma dimensão importante da sua vida académica, porque ao fazer voluntariado sente-se “plena e realizada.” Dinâmica e com vontade de servir a sociedade, não se cansa de participar em diferentes projetos, porque acredita que vale a pena fazer diferente. Lugar favorito do campus? Edifício Paraíso!

 

Porquê estudar Direito?

Eu sempre fui aquela pessoa que nunca soube ao certo o que é que ia fazer, mas a uma dada altura parece que se fez “clique” na minha cabeça. Desde nova que sempre tive muito interesse e uma grande preocupação com os temas relacionados com os direitos fundamentais das pessoas e, realmente, nada melhor que o Direito, enquanto veículo para conseguirmos garantir a defesa destes direitos para todos.

 

Porquê escolher a Católica para estudar?

A partir do momento em que soube que queria ingressar na Licenciatura em Direito não hesitei em escolher a Católica. É uma Universidade de excelência. Ao nível do Direito, a Católica tem um histórico grande que é incontornável e isso pesou muito na minha decisão. Para além disto, identifico-me profundamente com a instituição. A Católica tem os seus valores muito bem frisados.

 

“A CASO é uma dimensão muito importante da minha vida universitária.”

 

Está atualmente no 2º ano da licenciatura. O que é que tem sido mais marcante?

Entrar para a Universidade foi muito marcante, porque é o terminar de um ciclo e o iniciar de outro. Entrar para a Universidade acarreta uma grande responsabilidade e, por isso, marcou-me muito esta mudança na minha vida e a oportunidade de poder entrar para um mundo novo que me vai trazer novos desafios. O apoio dos professores é excelente e tenho-me deixado surpreender pelas diferentes áreas do Direito. Este 2º ano da licenciatura, acabou por trazer um novo sentido à minha vida universitária, porque entrei para a CAtólica SOlidária, da UDIP, e pude retomar um lado da minha vida que é muito importante para mim: o voluntariado.

 

O que é que a fez ter vontade de integrar um projeto de voluntariado e qual a importância da CASO na sua vida universitária?

Ao fazer voluntariado sinto-me, verdadeiramente, plena e realizada. Para além das diferentes missões que cada voluntário tem, na CASO, também, há uma grande união entre todos. É uma dimensão muito importante da minha vida universitária. A CASO integra voluntários de áreas muito diferentes, sente-se muito a multidisciplinaridade do campus da Católica. Tenho amigos de cursos muito diferentes e vive-se um ambiente muito dinâmico e equilibrado. Este facto é muito enriquecedor para o voluntariado. Para além disto, integrar este grupo também nos faz sentir de forma mais intensa que somos parte da Católica. Temos todos um verdadeiro sentido de pertença e une-nos a missão do serviço. Tem sido uma oportunidade que me tem feito crescer muito.

 

Faz voluntariado numa associação de pessoas com necessidades especiais. Qual é o grande desafio e o que é que mais aprende?

Trabalho com jovens com necessidades especiais. Esta associação atua, precisamente, na integração desses mesmos jovens na sociedade. É um trabalho fantástico. O grande desafio de fazer voluntariado nesta área é conseguirmos perceber que as pessoas com necessidades especiais são pessoas capazes. É preciso eliminar alguns preconceitos e ideias feitas e temos de nos abrir à realidade deles. Já aprendi tanta coisa! São eles que me ensinam e que me estão a formar. Com eles aprendo o verdadeiro significado da bondade.

 

“A minha família é a minha grande inspiração.”

 

Só se pratica a bondade quando nos fazemos próximos das pessoas?

Sim e quando aprendemos a olhar para as pessoas por aquilo que verdadeiramente são. Por trás de todas as escolhas e caminhos que cada um opta – bem ou mal – percorrer, há sempre a pessoa. É o mais importante e é precisamente isso que tenho aprendido com o voluntariado. Acredito que é através da empatia e da capacidade de nos colocarmos perante outras realidades que conseguimos esta proximidade com as pessoas. Sermos próximos dos outros é a melhor coisa que a vida nos dá.

 

Através da CASO vai participar no Fly, um programa de voluntariado europeu. E também integra outros projetos de ação social …

Através do Fly, vou estar em missão, no verão de 2023, em Leioa e vou trabalhar junto de uma comunidade de migrantes. Estou muito entusiasmada com a experiência. Também estou envolvida no projeto Let it flow, que promove o combate à pobreza menstrual. A pobreza menstrual é todo aquele momento em que as mulheres não conseguem ter acesso a produtos de higiene íntima e, infelizmente, há muitas pessoas – mesmo em Portugal - a sofrer deste mal. A maioria das pessoas toma como garantido o acesso a este tipo de produtos, mas há quem não tenha possibilidade de os adquirir. Nós trabalhamos para garantir informação e educação sobre o tema e também fazemos angariação e distribuição de produtos para mulheres necessitadas. Por exemplo, a Let it Flow esteve agora dedicada à angariação de produtos para enviar para a Síria e Turquia depois da catástrofe dos sismos.

 

“Parece-me que estamos a formar sociedades conhecedoras dos problemas, mas muito egoístas e individualistas.”

 

Que influência é que a família teve nesta sua vontade de fazer voluntariado e de se envolver em projetos de ação social?

A minha família é a minha grande inspiração. São os meus pais, a minha irmã e os meus avós que me desafiam e que me fazem avançar. Relativamente ao voluntariado e à vontade de dedicar o meu tempo aos outros, desde nova que é esse o exemplo dos meus pais. Foram eles que me contagiaram. Lembro-me bem de ser criança e de estar a sair do supermercado com a minha mãe num dia de chuva. A minha mãe reparou numa senhora idosa que estava carregada de sacos e ofereceu-lhe boleia no nosso carro. Não conhecia a senhora de lado nenhum, mas era alguém que, naquele momento, precisava de ajuda.

 

O que é que ambiciona para a sua vida profissional?

Trabalhar no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (risos). Sou uma pessoa que gosta de sonhar devagarinho e que vai celebrando cada passo e cada pequena conquista. Essencialmente, o que quero mesmo é conseguir contribuir para que as pessoas não sofram de injustiças e que não se vejam privadas dos seus direitos fundamentais. Seja no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos ou num projeto mais pequeno, mas com igual impacto na vida das pessoas. Há uns tempos cruzei-me com uma senhora que partilhou comigo a sua história. Sofria de violência doméstica e estava à espera que a Segurança Social lhe atribuísse um advogado e estava a demorar muito. O botão SOS não estava a ser minimamente eficiente e temia todos os dias pela sua vida. Esta história é só um exemplo, porque há muitas assim e os órgãos superiores têm de agir de maneira eficiente para que situações como esta não se protelem. Profissional e pessoalmente, quero fazer parte de algo que lute pelos direitos humanos.

 

Que problemas sociais é que mais a preocupam?

A desigualdade entre géneros é algo que me inquieta muito e, infelizmente, continua a ser um problema com o qual temos de nos preocupar e dedicar verdadeiramente. É um tema exigente que afeta muitas mulheres. Paralelamente a este tema, também há cada vez mais minorias e grupos em risco de exclusão social. Tenho a sensação de que vivemos tempos um bocadinho contraditórios. Ora falamos muito de determinados temas, ora nos esquecemos que eles existem. É importante que se fale sobre os temas, mas é mais importante ainda que das reflexões surjam ações concretas. Temos de sair do nosso mundo e mergulhar na verdadeira realidade. Parece-me que estamos a formar sociedades conhecedoras dos problemas, mas muito egoístas e individualistas, o que bloqueia a capacidade de ação e de resolução dos problemas.

 

O que é que a leva a querer fazer diferente?

Porque acredito que é preciso remar contra a maré e porque acredito que uma pequena ação faz sempre a diferença no dia de alguém. Isto basta-me.

 

“Procuro todos os dias da minha vida sentir-me, verdadeiramente, viva.”

 

Lugar favorito do campus?

Não posso dizer, porque senão toda a gente vai querer ir para lá agora (risos)! É o Edifício do Paraíso, gosto muito de estudar lá. Para não falar da vista privilegiada, de lá consigo ver o mar.

 

Cadeiras preferidas até ao momento?

Direito da União Europeia, Direitos Fundamentais e Teoria Geral da Relação Jurídica.

 

O que é que a move?

A vida! Sou muito grata por poder acordar todos os dias com a possibilidade de viver mais um dia. Vivo na expectativa de saber o que vem a seguir. Seja bom ou mau: pelo menos estou a viver. Gosto de uma frase que diz “Não é só viver, é preciso sentir-se vivo.” Procuro todos os dias da minha vida sentir-me, verdadeiramente, viva.

 

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13-04-2023