Hugo Choupina: “Todos queremos que Portugal seja diferenciador e competitivo.”

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Hugo Choupina é alumnus da Católica no Porto: é licenciado em Bioengenharia com especialização em Engenharia Biomédica, pela Escola Superior de Biotecnologia, e mestre em Business Economics, pela Católica Porto Business School. Com um percurso profissional que começou na área da investigação, atualmente é manager na equipa de incentivos europeus da KPMG. A sua missão passa por “apoiar o tecido académico e empresarial a serem competitivos em programas de financiamento”. É, também, vice-presidente da Associação de Antigos Alunos da ESB, essencial para promover e garantir a “proximidade”.

 

É vice-presidente da Associação de Antigos Alunos da Escola Superior de Biotecnologia. Qual a importância de uma comunidade alumni?

A Associação de Antigos Alunos tem um papel muito próprio de proximidade com a Escola. Manter esta proximidade é essencial, porque é o que nos permite continuar em contacto com as novas tecnologias, com as novas dinâmicas e com os assuntos tendência. O conhecimento e a inovação continuam a sair das universidades. Através da comunidade de alumni conseguimos manter uma rede de contactos e de ligação com as pessoas que nos viram crescer e que integraram o nosso percurso de formação. Forma-se uma rede muito diferenciadora que tem os seus benefícios e relações profissionais, mas que, também, tem um forte lado emocional e de ligação com a Escola e com as suas pessoas.

 

Porque é que escolheu estudar Bioengenharia?

Aquilo que me ligou à Bioengenharia foi o gosto que tinha pela área da saúde. Não tinha com ambição a Medicina, mas queria estar ligado à saúde, ainda que de forma mais indireta. A área da Bioengenharia acabou por surgir de forma muito natural, sendo que aquilo que eu realmente queria era ter um impacto positivo na saúde das pessoas. Acabei por vir estudar para a Escola Superior de Biotecnologia e fiz parte da terceira fornada de alunos licenciados em Bioengenharia pela Universidade Católica. O reconhecimento da Católica e a sua elevada internacionalização foram fatores que pesaram na minha escolha.

 

O que foi mais desafiante durante a licenciatura?

A licenciatura em Bioengenharia tem uma essência muito multidisciplinar. Somos colocados perante inúmeros desafios de diferentes áreas do saber. Ao longo do curso foi muito exigente, porque se uma formação abrangente é um benefício grande, ao mesmo tempo também exige de nós uma maturidade particular que nos permita afunilar as nossas opções e decidir tendo em conta as diferentes experiências que vamos colecionando.

 

“São essas empresas e institutos de investigação que fazem de Portugal um país bandeira.”

 

O que é que foi mais marcante?

Sem dúvida que foi a relação interpessoal que se acaba por conseguir estabelecer com múltiplos professores, não só professores da casa, mas, também, professores convidados que, no fundo, nos vêm mentorar. Estas relações de proximidade e de partilha fazem toda a diferença. A cultura de um ensino próximo em ambientes mais controlados proporciona este contacto e permite uma relação de total disponibilidade dos professores para connosco. Diria que na Católica nunca me senti “só mais um”. Sempre me senti o Hugo e isso faz toda a diferença. Outro elemento que destaco é a liberdade que temos para errar. Sem nunca descurar a exigência, claro. É esta liberdade que nos permite criar projetos e iniciativas novas, que nos permite ser criativos nas soluções que apresentamos.

 

Mais tarde, já enquanto investigador no INESC, ingressa no Mestrado em Business Economics na Católica Porto Business School. O que motivou esta escolha?

Quis adicionar competências na área da economia, gestão de negócios e empreendedorismo ao meu currículo. Interessou-me muito o foco específico do mestrado no negócio internacional e na internacionalização das empresas. Acabei por me focar, através da minha tese, no conceito de hélice tripla - universidade, indústria, sociedade – com o objetivo de perceber de que forma é que os financiamentos e o acesso ao capital podem impactar a competitividade das regiões onde estão inseridas as empresas e as universidades.

 

O mestrado acabou por dar uma nova orientação ao seu caminho profissional?

Através do mestrado fiquei, profundamente, interessado pela área. Acabou por ser determinante e por alargar as minhas perspetivas profissionais. Comecei a entender em maior detalhe as inerências da Inovação e foi a partir desta fase que procurei a transição do mundo académico e de investigação para a consultoria de Inovação. O meu trabalho consistia em apoiar e acelerar o acesso a financiamento de entidades que tivessem pressupostos de Inovação com bastante impacto, não só que beneficiassem a própria entidade, mas que tivessem um propósito, uma missão e valores. Acabou por ser uma mudança muito natural, mas não radical, isto porque a área da engenharia biomédica é altamente multidisciplinar e isso dá uma bagagem técnica inicial muito forte e transversal que me permite olhar tanto para problemas na área da nanotecnologia, como para problemas da área da inteligência artificial e outras. Ao juntar a isto as competências na área da Gestão e da Economia, o meu objetivo foi perceber como é que desta base tecnológica podem nascer spin offs e outros negócios que tenham viabilidade tecnológica e financeira. Olho para a atividade profissional que assumo hoje como uma evolução daquilo que foi a minha base, a bioengenharia e uma atividade ligada à académica e investigação, e das experiências que fui acumulando.

 

“Ao longo da minha vida tenho procurado, essencialmente, fazer coisas com significado.”

 

Trabalha, atualmente, na KPMG. Que função assume?

Ingressei muito recentemente na KPMG como manager da equipa de incentivos europeus. Estou inserido numa equipa dedicada e especializada na atração de capital e financiamento para a Inovação ao nível europeu. No meu trabalho, procuro apoiar o tecido académico e empresarial a serem competitivos em programas de financiamento para a inovação de base científica e tecnológica. Estes programas focam diferentes desafios societários da comissão europeia que estimulam e chamam a atenção da sociedade para a sua resolução. O financiamento europeu acaba por ser um veículo e uma estratégia para que o nosso tecido empresarial e académico possa ser competitivo num ecossistema cada vez mais global. O meu papel é, em conjunto com estas entidades, desenhar a melhor estratégia para que possam ser capazes de competir ao nível nacional e internacional. São essas empresas e institutos de investigação que fazem de Portugal um país bandeira. Todos queremos que Portugal seja diferenciador e competitivo.

 

O que é que o move?

Ao longo da minha vida tenho procurado, essencialmente, fazer coisas com significado. É isto que me move.

 

Planos para o futuro?

Será qualquer coisa que me permita continuar a ter um impacto positivo na sociedade. Os meus planos para o futuro passam por, no fundo, continuar a construir este meu caminho e alavancá-lo de forma sustentável.

 

O que gosta de fazer nos tempos livres?

Aproveito os meus tempos livres para manter um corpo são e uma mente sã. Dedico-me à atividade desportiva, pratico crossfit, e à melhoria contínua de saúde. Também gosto muito de ler.

 

Com as férias grandes a chegar: que livro devemos levar connosco para a praia? 

Can’t hurt me, de David Goggins. É um livro sobre a história pessoal do autor que é um ex-elemento do Exército Americano, que já completou inúmeros desafios desportivos, que é conhecido pelo seu mindset muito pessoal. Por pura determinação e um compromisso inabalável com a autodisciplina, Goggins transformou-se física e mentalmente. O livro é fascinante precisamente por esse poder: elucida-nos sobre o poder da mente quando temos um objetivo e queremos concretizá-lo. É altamente motivador. 

 

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13-07-2023