Carmo Themudo: “A dimensão do serviço está sempre presente na minha vida.”

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Carmo Themudo é alumna da Católica Porto Business School e coordenadora da Unidade de Desenvolvimento Integral da Pessoa (UDIP), cuja missão é dar rosto à missão evangelizadora da universidade e proporcionar aos estudantes a oportunidades de SER+. Oriunda de uma família numerosa, Carmo Themudo garante que foi através do exemplo que aprendeu a importância do serviço aos outros e é, por isso, que faz do voluntariado e da entrega dimensões essenciais na sua vida. Nos tempos livres? Gosta do contacto com a natureza e gosta de jogar Padel.

 

Que dimensão é que o voluntariado tem na sua vida?

Comecei a fazer voluntariado no colégio, a dar explicações e catequese, mais tarde fiz, também, uma missão em Cabo Verde e, já na universidade fui animadora de campos de férias e orientadora de grupos de jovens numa paróquia, e estive também envolvida em associações de estudantes e organização de eventos para os meus colegas. Hoje em dia acompanho uma família carenciada há já vários anos e colaboro em campanhas pontuais. Acredito que quem começa a fazer voluntariado de forma sustentada, nunca mais o consegue largar, ainda que deixe de ser praticado de forma tão regular e estruturada. Mas há um olhar atento que se treina e que nunca mais se desliga. Esta dimensão de serviço está sempre presente na minha vida. Eu entendi que a minha missão é dar-me aos outros. Eu tenho fé e, por isso, entendo que é isso que Deus quer de mim: que faça do serviço um desafio permanente no meu dia-a-dia. Como é que no quotidiano da minha vida eu consigo facilitar a vida aos outros? Com pequenos gestos, um sorriso, uma mão que ajuda.

 

“Queremos dar a oportunidade aos estudantes de conhecerem Jesus, a Sua vida e a forma como se podem relacionar com Ele.”

 

Como é que se educa para o serviço?

É pelo exemplo. Vamos absorvendo os bons exemplos que vemos à nossa volta.  No meu caso, foi a minha mãe e a minha avó que me ensinaram a importância do serviço e da entrega aos outros. Não há melhor forma de educar que bons testemunhos e exemplos. É, por isso, que na UDIP fazemos, também, sempre questão de trazer bons exemplos à universidade, porque acreditamos que eles podem contagiar e impactar positivamente os estudantes.

 

É alumna de Gestão da Católica Porto Business School. Que recordações tem desses tempos?

Enquanto estudante, passei momentos maravilhosos aqui na Católica. A minha vida universitária foi espetacular, havia uma relação muito boa com os professores e com os colegas. Foram anos muito animados, estive envolvida em imensos projetos: na AIESEC, na Associação de Estudantes, nas comissões de ano e organizei a viagem de fim de curso.

 

“No seu início, a CASO tinha 4 instituições parceiras e neste momento estamos com mais de 40.”

 

Acabou por ficar a trabalhar na Católica …

Sim, quando terminei o curso fui convidada a ficar a trabalhar a área das Relações Públicas. Só mais tarde, em 2008, é que surge a UDIP. Nasceu da vontade de afirmar a identidade católica desta instituição, contribuindo para uma formação integral dos nossos estudantes e, também, da comunidade. O Professor Joaquim Azevedo, que na altura era o presidente da Católica no Porto, tinha, também, esta visão. Compreendeu a importância de haver uma unidade que traz estrutura à dimensão da espiritualidade, do serviço e da formação alinhada com os valores e princípios fundamentais da dignidade e da integridade da pessoa, que enquadram a matriz humanista cristã da universidade. No fundo, a UDIP dá corpo ao compromisso que a universidade, sendo católica, assume perante os seus estudantes.

 

De que forma é que a UDIP procura aproximar os estudantes da fé?

Essencialmente, queremos dar a oportunidade aos estudantes de conhecerem Jesus, a Sua vida e a forma como se podem relacionar com Ele. Há muita falta de conhecimento sobre quem foi Jesus e o que é que Ele fez. Através daquilo que promovemos não queremos impor nada, apenas garantir que lhes damos a conhecer Jesus. Fazemos sempre por marcar os vários momentos do Ano Litúrgico, como a Quaresma e o Advento, e promovemos, também, encontros que ajudam nesta partilha de experiências e testemunhos. Para além disso, temos, também, pequenos cursos de aprofundamento da fé e um grupo de preparação para o Crisma.

 

“A Metodologia Aprendizagem Serviço é sobretudo uma forma de servir diferente, colocando os nossos estudantes em contacto com diferentes realidades.”

 

A CAtólica SOlidária (CASO) faz 20 anos este ano. De que forma é que a CASO se distingue e que balanço faz deste percurso?

A CASO distingue-se pela estrutura e pela forma como acompanha os alunos em todo o processo. Estamos inseridos numa rede de voluntariado de ensino e o conhecimento que temos é de que não existe nada com uma estrutura semelhante à nossa. Existem muitas iniciativas de voluntariado dentro de uma mesma universidade, mas são sobretudo ações menos agregadas entre si e que não têm esta estrutura de unidade.  É muito curioso, porque, a propósito da comemoração dos 20 anos, tenho andado a organizar as bases de dados e o histórico de documentos. É bom compreender a evolução e perceber que, por exemplo, no início, a CASO tinha 4 instituições parceiras e neste momento estamos com mais de 40. Hoje, trabalhamos em sete áreas de voluntariado diferentes (Ambiente, Abrigo, Especial, Exemplo, Profissional, Sabedoria e Vida), temos mais estudantes envolvidos e, também, temos vindo a desenvolver oportunidades de voluntariado internacional. O balanço é positivo, sem dúvida, e, por isso, é grande a responsabilidade de continuarmos empenhados em promover a importância do Serviço e a importância de nos entregarmos, verdadeiramente, aos outros.

 

Quais são as principais motivações que levam os estudantes a querer fazer voluntariado?

As motivações são muitas. Alguns estudantes chegam à Universidade com algumas experiências de voluntariado e a CASO acaba por ajudar a dar continuidade a uma dimensão que já existe nas suas vidas; outros descobrem o voluntariado na universidade e, por isso, é através da CASO que têm a sua primeira experiência de serviço; outros são, puramente, altruístas e aderem, porque se querem dar; e ainda há alguns estudantes que se envolvem no voluntariado com o objetivo de enriquecerem o currículo. Mas estou certa de que os estudantes que se mobilizam unicamente por esta última motivação acabam por desistir, porque só essa motivação não chega para nos darmos verdadeiramente. Muitas vezes estas motivações são só primeiras motivações, porque depois de se experimentar há algo em nós que fica transformado. O voluntariado pode, mesmo, ter um efeito transformador na vida das pessoas. Vamos recebendo muitos testemunhos de estudantes e compreendemos que o voluntariado traz uma dimensão muito importante às suas vidas.

 

“Estamos a preparar 4 grandes momentos para a comemoração dos 20 anos da CASO.”

 

A Metodologia Aprendizagem Serviço (ApS) nasceu desta preocupação de mostrar a importância do serviço aos outros?

A metodologia ApS surge numa fase em que pensávamos de que forma os nossos estudantes poderiam usar as suas competências técnicas ao serviço dos outros. Sendo uma metodologia de ensino, esta dimensão do serviço pode chegar a estudantes que nunca tinham pensado fazer voluntariado. Não podemos confundir ApS com voluntariado, mas no fundo, através da ApS, os estudantes podiam ir para diferentes contextos de voluntariado, através de uma metodologia de sala de aula. É uma maneira diferente de se aprender, porque se aprende fazendo, mas é sobretudo uma forma de colocarmos os nossos estudantes em contacto com diferentes realidades. Este contacto com realidades diferentes é muito enriquecedor.

 

O que é que se pode esperar deste ano de comemorações dos 20 anos da CASO?

Estamos a preparar 4 grandes momentos. Vai haver um evento de abertura das comemorações, onde vamos contar com a participação de antigos voluntários e responsáveis; vamos, também, assinalar o dia 5 de dezembro, que é o Dia Internacional do Voluntariado, com um evento com diferentes talks; vamos organizar, também, uma grande iniciativa de voluntariado aberta a toda a comunidade; e, no final do ano letivo, vamos encerrar as comemorações com uma conferência internacional.

 

Que competências é que o voluntariado dá aos alunos?

Uma melhor capacidade de se relacionarem com os outros, a oportunidade de contactarem com realidades diferentes e de trabalharem a empatia. O voluntariado ajuda-os a desenvolver competências de comunicação, de trabalho em equipa, de flexibilidade, de organização, de gestão de conflitos. E, claro, a resiliência.

 

“Para os próximos anos, desejo que a CASO e a UDIP se consigam afirmar mais.”

 

O que é que gosta de fazer nos seus tempos livres?

Para além de estar com a família e amigos? Gosto muito de passear na natureza, porque é algo que me dá imensa paz, tranquilidade e serenidade. Também jogo Padel, é bom para equilibrar energias!

 

Quais são os seus desejos para os próximos anos da CASO e da UDIP?

O que eu desejo é que se consigam afirmar mais. Que a sua estrutura se robusteça e que consiga levar aos alunos a importância de saírem da zona de conforto, de abrirem o coração e, de darem e se darem aos outros. Temos de pensar naquilo que um estudante universitário pode fazer de diferente, porque adquire competências, ao longo do seu percurso académico, que devem ser colocadas ao serviço da comunidade. Na UDIP acreditamos que o potencial dos estudantes universitários é grande e que deve ser aproveitado e elevado.

 

pt
15-09-2022