Pedro Cunha: “Criar histórias é como uma necessidade básica para mim.”

Pessoas em Destaque

Pedro Cunha tem 21 anos, nasceu no Estado do Pará, mas vive em Portugal desde os nove anos. É licenciado em Som e Imagem pela Escola das Artes e, atualmente, frequenta o Mestrado em Animação. Deep Dive é o nome da sua obra desenvolvida na licenciatura que foi distinguida no Edigma Semibreve Scholar 2023. O seu sonho é ter uma carreira na área do Manga e um próximo desejo é começar a aprender japonês.

 

Quando é que descobriu a importância da Arte na sua vida?

A Arte está presente na minha vida desde muito cedo. A minha avó era pintora e, por isso, desde pequeno que tenho uma proximidade grande com este mundo. Está-me no sangue. Sempre senti necessidade de criar alguma coisa: criar desenhos, histórias, personagens. Sempre criei coisas, especialmente nas áreas da ilustração e da banda desenhada. Faço BD desde os meus 14 anos.

 

E tem uma história que publica desde essa altura …

Sim, chama-se “The Glosling” e está disponível online. É uma banda desenhada que estou a construir desde os meus 14 anos, mas ainda não lhe dei um fim. Conto que, durante o próximo ano, esteja concluída. É difícil dar-lhe um fim (risos).

 

“Acabei por concorrer e por conseguir bolsa de mérito que se prolongou por todos os anos da licenciatura.”

 

Quando é que começou a interessar-se pela Animação?

Sempre gostei muito de animação. Em miúdo só via filmes de animação, recusava-me a ver outros (risos). Fascina-me as infinitas possibilidades que a animação permite. O estilo de desenho, o tipo de movimento, se é mais realista ou mais exagerado, que forma têm as personagens, enfim... Através da animação podemos comunicar uma variedade sem fim e isso é fascinante. Para além disso, sempre fui louco por histórias. Adoro criar histórias.

 

Licenciou-se em Som e Imagem pela Escola das Artes, da Universidade Católica no Porto. Porquê esta escolha?

Estávamos na altura da pandemia da COVID-19 a Universidade Católica era a única universidade no Porto que me oferecia a possibilidade de estudar animação ainda durante a licenciatura, uma vez que em Som e Imagem uma das vertentes abordadas é precisamente esta. Acabei por concorrer e por conseguir bolsa de mérito que se prolongou por todos os anos da licenciatura. Uma das coisas que mais me marcou foi o grande entusiasmo de alguns professores por aquilo que nos ensinavam.

 

Quais foram as disciplinas que mais o marcaram durante a licenciatura?

Animação 2D e Animação 3D. Foi nestas disciplinas que eu senti que podia abrir as asas. Senti-me mesmo em casa.

 

“Ter recebido este prémio é um sinal de que estou no caminho certo.”

 

Atualmente, é estudante de Animação do Mestrado em Som e Imagem, também na Escola das Artes.

A Animação é mesmo o meu caminho. Este é mesmo o meu lugar certo. Acabei por me candidatar ao Mestrado em Animação da Escola das Artes e estou agora no primeiro ano do curso. No mestrado vou querer fazer algo em grande, já estou a colecionar muitas ideias para a história que vou querer contar na minha animação final.

 

A sua obra Deep Dive foi distinguida no Edigma Semibreve Scholar 2023. Em que consistiu?

O projeto Deep Dive foi desenvolvido na licenciatura e foi exposto na Escola das Artes durante o Panorama #23. Consiste numa experiência de realidade virtual. Através dele as pessoas estão dentro de um aquário e têm a possibilidade de nadar com os peixes. Apesar de não terem muito controlo sobre o que podem fazer, poderão observar e ouvir as histórias das personagens que acontecem à volta do aquário e que vão ter as suas próprias conversas. É um conceito interessante porque mistura diferentes meios e possibilidades. Sinto-me muito grato por esta distinção e por todas as oportunidades que me são dadas. Ter recebido este prémio é um sinal de que estou no caminho certo.

 

Na área da Animação quais são as suas referências?

James Baxter, é um génio. Tudo o que ele faz parece que tem magia, é impressionante. O Genndy Tartakovsky fez muitas séries que eu adoro. Ele continua a querer criar novas histórias e a querer empurrar a animação para novos lugares.

 

“Tenho um propósito na minha vida.”

 

Planos para o futuro?

Para além de estar no mestrado, vou querer fazer um curso de japonês. A minha intenção é criar uma carreira na Mangá. Sou fascinado. Quero criar histórias nesta área. Quando li pela primeira vez Mangá, fiquei obcecado e senti logo que era isto que eu queria fazer.

 

Um filme de animação imperdível?

Os Incríveis I são um filme fantástico. Provavelmente, o melhor filme de super-heróis.

 

O que é que o move?

Tenho um propósito na minha vida que é fazer exatamente aquilo para que ando a trabalhar. Acredito que cada pessoa tem o seu destino e que isso passa por fazerem aquilo para que foram criadas. Criar histórias é como uma necessidade básica para mim. Não consigo viver sem isso e é esta vontade e o destino que me move.

 

pt
30-11-2023