Gustavo Ribas: “A escrita é para mim uma ferramenta de pensamento.”

Pessoas em Destaque

Gustavo Ribas tem 21 anos, é do Porto e é finalista da Licenciatura em Economia da Católica Porto Business School (CPBS) da Universidade Católica. Economia Política é o tema que mais lhe suscita curiosidade e no blogue “E no fim morremos todos” podemos ler o que escreve sobre alguns dos temas da política nacional. Planos para o futuro? Começará a estagiar em Lisboa, em setembro, e está entusiasmado com o desafio!

 

Porquê a escolha pela Licenciatura em Economia?

Desde relativamente cedo que comecei a ganhar alguma sensibilidade para a política e percebi que a Economia era uma ferramenta muito útil. Foi por isso que escolhi este curso, eu procurava estudar algo mais científico e teórico e que andasse lado a lado com este meu gosto pela política.  

 

“Gostei bastante de alguns professores e sente-se uma proximidade grande.”

 

O que é que destaca destes seus 3 anos na Católica Porto Business School?

A Católica é muito organizada e dá muita segurança aos seus alunos. Principalmente para pessoas como eu que são muito desorganizadas (risos). Em contexto de pandemia, a Católica, objetivamente, acabou por responder muito melhor do que qualquer outra faculdade. Eu acabei por fazer grande parte da minha licenciatura à distância, no fundo só tive dois semestres presenciais e, por isso, esta forma de responder à pandemia foi determinante. Gostei bastante de alguns professores e sente-se uma proximidade grande. Como os alunos de Economia são em menor número que os de Gestão, esta proximidade é ainda mais evidente, porque somos praticamente uma turma, no fundo somos todos um grupo de amigos que tem aulas juntos e isso é muito positivo.

 

“O meu percurso de licenciatura aqui na Católica permitiu-me confirmar estes meus interesses e também as minhas convicções.”

 

Que áreas da Economia é que lhe suscitam mais interesse?

Há duas áreas da economia para as quais não sei se tenho apetência, mas tenho, claramente, preferência (risos). Eu gosto muito da Economia Política e da Economia da Desigualdade.  Gosto da Economia que é mais abstrata, quase mais filosófica. Gosto mais da Economia enquanto ciência social e menos da que é mais próxima da matemática. Esta área da Economia que é mais próxima das ciências sociais tem uma tradução bastante ideológica sobre a qual eu reflito bastante. O meu percurso de licenciatura aqui na Católica permitiu-me confirmar estes meus interesses e também as minhas convicções.

 

Esteve na Bélgica em Erasmus, mais concretamente em Antuérpia. O que é que o marcou mais?

Essa zona do centro da Europa sempre me fascinou, embora sempre no abstrato. Os meus pais já tinham estado em Antuérpia e tinham gostado. Gostei muito da dimensão internacional e cultural da cidade. Sou um grande fã de jazz e, infelizmente, o Porto tem bastante pouco. Em contrapartida, em Antuérpia se eu quisesse podia sair todos os dias para ir ouvir jazz. Foi muito bom. Gostei da vida na universidade e do equilíbrio que consegui entre os estudos e o lazer. Também gostei de sentir algum choque cultural. Os belgas têm uma visão nórdica do trabalho, mas uma visão muito latina da diversão e do convívio.

 

“Outra dimensão importante para mim foi o desenvolvimento de competências de gestão de equipa.”

 

Fundou com o Presidente da Associação de Estudantes da CPBS o podcast “Café no Américo”. Em que é que consiste?

É um podcast através do qual se pretende aproximar os membros da Associação de Estudantes da comunidade de alunos. Surgiu em contexto de pandemia e, por isso, assumiu nesses tempos um papel muito relevante. Foram tempos mais parados onde sentimos necessidade de trazer proximidade à AE. Em cada episódio, eu entrevistava um membro da AECPBS, dando a conhecer as suas funções e o seu percurso. É um podcast com um tom muito humorístico e com muitas provocações. Estamos agora a preparar o último episódio para ser lançado em setembro e que encerrará este ciclo. Deu-me muito gozo fazer isto e as audiências do podcast ultrapassaram em muito as nossas expectativas.

 

De que forma é que considera que o envolvimento em atividades extracurriculares contribui para a formação dos estudantes?

No meu caso em concreto, ajudou-me em dimensões diferentes. Um dos projetos nos quais estou envolvido é a Federação Nacional de Estudantes de Economia e Gestão. Através desta minha participação fiz muitos contactos, porque acabei por conhecer imensa gente de muitos sítios diferentes. Neste caso, tratando-se de uma federação nacional, a abrangência e a oportunidade de conhecer pessoas de muitos locais diferentes é ainda maior. Todos os contactos que estabelecemos são positivos e são uma parte importante do percurso. Outra dimensão importante para mim foi o desenvolvimento de competências de gestão de equipa. Ao longo do meu percurso, tenho vindo a coordenar alguns projetos que me têm desafiado e que têm exigido de mim treinar este tipo de competências. Não tenho dúvidas de que isto nos torna mais capazes e melhor preparados para os desafios profissionais.

 

“Através do meu blogue permito-me refletir acerca de diferentes temas.”

 

A título pessoal tem, também, um blogue, que em tempos foi também um podcast

Sim, chama-se “E no fim morremos todos”. É um título extraordinariamente fatalista, mas parece-me ser uma espécie de um lema que tenho sempre presente para relativizar tudo o que se passa na minha vida. Isto no final de contas vai dar tudo ao mesmo, não é? Vamos acabar todos por dar de comer à terra (risos). O “E no fim morremos todos” surgiu em plena pandemia e começou por ser um podcast. Era tudo na base do improviso, eu alinhava alguns pontos e depois em frente ao microfone falava sobre diferentes temas. À medida que ia alinhando os pontos para cada episódio fui desenvolvendo um gosto maior pela escrita e acabei por passar este projeto para o formato de blogue. Agora que os blogues estão fora de moda, pareceu-me uma ótima altura para regressar a este formato. No fundo, faço alguma análise política e exponho devaneios existenciais, às vezes em simultâneo. Através do blogue permito-me refletir acerca de diferentes temas. A escrita é para mim, em primeiro lugar, uma ferramenta de pensamento e só depois é que é um veículo de comunicação.

 

Em setembro começará um novo desafio. De saída do Porto rumará para Lisboa …

Vou começar um estágio, em Lisboa, na GreenVolt, que produz e distribui energias renováveis. Vou integrar o Departamento Financeiro. É uma oportunidade única e eu espero contribuir de forma útil. Estou entusiasmado e disposto a aproveitar este desafio.

 

Sonhos para o futuro?

Na minha vida, gosto pouco de fazer planos, talvez seja uma forma de ir vivendo de forma plena as oportunidades que tenho no presente. Gostaria um dia de ter a minha coluna num jornal e, também, quem sabe, estar de alguma forma ligado à política. Trabalho para conseguir aquilo que ambiciono, mas sei bem que os lugares são poucos para tantas pessoas, tenho consciência de que a probabilidade de um destes objetivos se concretizar é praticamente ínfima. Aquilo que realmente considero importante é saber ter a ponderação necessária para agir perante as oportunidades que podem aparecer. Se algum dia surgir alguma oportunidade na área da política, por exemplo, quero ser capaz de ponderar de forma consciente o contributo que poderei ser nesse determinado projeto. Quero ter sempre a lucidez necessária para saber discernir se serei útil ou não e de que forma.

 

pt
08-09-2022