Nuno Brochado de Agarez: “Se chegar a algum lado que se pareça com as minhas ambições, muito se irá dever à Dupla Licenciatura e ao Jornal Diurna.”

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Chama-se Nuno Brochado de Agarez, é estudante do 4º ano da Dupla Licenciatura em Direito e em Gestão e é, também, o fundador do Jornal Diurna. Determinado e interessado, garante que a Dupla Licenciatura foi a melhor escolha da sua juventude e sonha com uma vida de advogado. Gosta de livros, gosta de entrevistar e, essencialmente, de se sentir desafiado. O que é que o move? “Caminhar para um objetivo”.

 

Como é que descreveria a Dupla Licenciatura em Direito e Gestão?

É um programa inovador, antes de mais, porque não existe mais nenhum em Portugal! É um programa que prepara muito bem os seus alunos, na medida em que é, verdadeiramente, exigente estudar duas realidades tão distintas em simultâneo, como é o caso do Direito e da Gestão. Ao mesmo tempo, ensina-nos a construir pontes entre os dois mundos. Não tenho a mínima dúvida de que os estudantes que terminam a Dupla Licenciatura se distinguem.

 

Como é que surge a escolha da Dupla Licenciatura em Direito e Gestão na sua vida?

Quando tinha cerca de 16 ou 17 anos, o meu objetivo era estudar Direito em Oxford ou Cambridge. Esse era o plano, mas a vida levou-me por outros caminhos. Foi através do meu professor de História, que tive conhecimento do programa de Dupla Licenciatura em Direito e Gestão da Católica. Lembro-me do meu professor me dizer “Se um dia o teu objetivo for trabalhar para fora, esta dupla licenciatura abrir-te-á muitas portas.” Rapidamente percebi que esta seria a minha melhor opção. O que eu realmente queria era sem dúvida, Direito. Juntar Gestão à minha formação seria um ponto de diferenciação. Fazer este percurso foi a melhor escolha que fiz na minha vida em termos académicos. Se chegar a algum lado que se pareça com as minhas ambições, muito se irá dever ao que aprendi na Dupla Licenciatura e no Jornal Diurna.

 

“Nada melhor que o Direito para entender que em tudo deve existe equilíbrio.”

 

Fez um intercâmbio e durante um semestre esteve a estudar na Escola de Lisboa da Faculdade de Direito da Católica. Como é que foi a experiência?

Sempre quis passar uma temporada em Lisboa.  A ideia de viver fora de casa e ter a oportunidade de estar numa cidade tão ambiciosa quanto esta aliciou-me. Ainda me impressiona a civilização europeia e a multiculturalidade que se sente na capital! Ter a sorte de passar um semestre só dedicado às disciplinas de Direito foi uma experiência enriquecedora. Não só pelos professores e colegas que tive o prazer de conhecer, mas, também, por ser simplesmente uma mais valia para abrir horizontes.

 

“Com as entrevistas em particular, mas com o Diurna em geral, conheci muita gente, aprendi a perguntar, ganhei mais sensibilidade.”

 

Porquê o Direito?

Essa é a pior pergunta que me podem fazer, porque simplesmente não sei a resposta. Passei a minha vida inteira, desde muito novo, a dizer que queria Direito. O maior desvio que fiz a essa ideia, foi precisamente ter entrado na Dupla Licenciatura assumindo que ia, também, ligar-me à área da Gestão. Porque é que eu suspeito que gosto de Direito? Gosto muito de política, de perceber as pessoas e a interligação que existe entre elas e os conflitos. Eu não acredito muito no preto e no branco, acho que é muito difícil haver um lado cem por cento certo e um lado cem por cento errado. Para tudo existe um equilíbrio e o Direito ajuda-nos a perceber isso. Perceber o Direito e a sua evolução é como um espelho da sociedade e é, no fundo, a única forma que temos de conseguir viver civilizadamente. O Direito é aquilo que nos define como sociedade e isso fascina-me.

 

Como é que surge a ideia de fundar um jornal universitário?

Em conversa com uma professora, surgiu a ideia da criação de um jornal universitário. A Drª. Ana Andrade, na altura, lançou-me a ideia e eu gostei do desafio. Quando me lançam um desafio, fico totalmente vidrado. Naquela altura, estar muito ocupado realizava-me imenso e agarrar o projeto de fundar um jornal feito por alunos preencheu-me totalmente. Começamos com uma equipa de 4 pessoas e tínhamos definido que não seríamos um jornal de uma só faculdade, mas sim o jornal da Católica no Porto e de todas as suas faculdades. Queríamos que o Diurna fosse uma plataforma capaz de trazer membros da sociedade civil e de aproximar os alunos das diferentes faculdades.

 

“Sinto-me, profundamente, feliz quando me sinto desafiado!”

 

É quem faz sempre as entrevistas publicadas no Diurna. Porque é que gosta tanto de entrevistar?

Nunca abdiquei de fazer as entrevistas, porque é aquilo que eu mais gosto de fazer e aprendo sempre imenso, principalmente porque muitos dos nossos convidados são personalidades que me intrigam e sobre as quais tenho imensa curiosidade. O desafio de uma entrevista está em saber fazer perguntas inteligentes e isso exige muitas horas de preparação e de estudo. Muitas vezes elaboramos imensas perguntas e acabamos por nem as fazer, porque a conversa levou outro rumo e temos, mesmo assim, de saber conduzi-la. Sinto-me muito desafiado em ter a oportunidade de entrevistar diferentes pessoas, de áreas muito diversas. Com as entrevistas de forma particular, mas com o Diurna em geral, conheci muita gente, aprendi a perguntar, ganhei mais sensibilidade. Tenho a certeza de que é um projeto determinante para o meu futuro profissional.

 

O que é que o motiva?

O desafio! Sinto-me, profundamente, feliz quando me sinto desafiado, não há nada mais gratificante do que atingir os seus objetivos. Recordo-me, particularmente, do estágio que realizei na Vieira de Almeida, em Lisboa, e da forma como me senti preenchido. Lembro-me de estar a ir para casa e de ter pensado o quão me sentia realizado a fazer aquilo que mais gostava e como senti a satisfação do dever cumprido! Tenho a sorte de desde muito novo saber o que queria. Agora vejo tudo tão perto de se concretizar. O que me motiva é o começar o caminho para chegar a algum lado, é o servir também o outro, servir o cliente e assumir as minhas responsabilidades.

 

“Um advogado tem de ter um sentido de responsabilidade muito grande e tem de ter um conhecimento vasto do mundo.”

 

Como definiria um bom advogado?

Na minha opinião, um bom advogado tem que ter capacidade para entender problemas e para perceber sempre os dois lados da questão, bem como uma enorme capacidade de empatia. Para além disto, um advogado faz-se de um sentido de responsabilidade muito grande e de um conhecimento vasto sobre o mundo. Há uma expressão, que já vi ser atribuída a diferentes autores, que diz “quem só sabe de Direito nem de Direito sabe”.

 

O que é que gosta de fazer nos seus tempos livres?

Gosto muito de ler, de ver séries e filmes. Mas tenho um defeito enorme que é estar sempre a fazer coisas em simultâneo (risos)! Às vezes estou a ver uma série com um livro na mão. Gosto muito de passear, viajar, adoro andar de carro e volta e meia vou para o Youtube ver vídeos de História do Professor José Hermano Saraiva.

 

Livro favorito?

Gosto de vários livros e até já me dediquei à catalogação dos meus! Mas, talvez, possa destacar o As Intermitências da Morte, de José Saramago. Acho que foi dos livros mais interessantes que li, porque me fez pensar sobre o que é que aconteceria se de facto ninguém morresse e até mesmo as implicações práticas disso. O que aconteceria às funerárias? Iriam todas falir? Gostei muito da abordagem e, por isso, recomendo verdadeiramente.

 

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12-05-2022