Sónia Vaz Borges & Filipa César et al · Leitura do Mangue

06.07.2021 19:00 — 08.10.2021 18:00
Escola das Artes

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06.07.2021 19:00 08.10.2021 18:00 Sónia Vaz Borges & Filipa César et al · Leitura do Mangue Link: https:///pt/central-eventos/sonia-vaz-borges-filipa-cesar-et-al-leitura-mangue

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Universidade Católica Portuguesa - Porto

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Exposição
Leitura do Mangue
Sónia Vaz Borges & Filipa César et al
6 JUL – 8 OUT 2021

Aviso: A exposição estará encerrada de 31 de Julho a 30 de Agosto. A reabertura está prevista para 31 de Agosto.

Abertura:  6 JUL · 19H00
No contexto da Porto Summer School on Art & Cinema 2021
 

Biografias | Vistas de Exposição | Ficha Técnica | Apoios

Estudámos na lama. Quando a água nos chegava aqui (apontando um pouco acima do tornozelo), ficávamos lá até a lição acabar. Depois íamos embora e caminhávamos através da água para casa. Estudámos e vivemos no mangue durante quatro anos (1966-1969): foi o nosso refúgio contra os bombardeamentos (Marcelino Mutna).
 
Recentemente fomos à Guiné-Bissau pesquisar as condições dos estudantes nas escolas de guerrilha do mangue. Transformámo-nos e tornámo-nos, nós próprios, os aprendizes. E a primeira lição foi saber como andar. Se andares a direito, colocando primeiro os calcanhares no chão, escorregas imediatamente e cais nos diques inundados dos campos de arroz do mangue. Ou então ficas preso na lama do mangue. Precisas de baixar o corpo, dobrar os joelhos e espetar os pés verticalmente na lama, estender os braços em frente, num movimento consciente e presente. Na escola do mangue, a aprendizagem acontece com o corpo todo.
 
A nossa conversa parte de uma pesquisa profunda sobre o sistema militante educativo desenvolvido pelo Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC) durante o processo de libertação, os onze anos de luta armada (1963-74) contra a ocupação colonial portuguesa e o interesse recorrente no imaginário da tarafe – a palavra criola para mangue. O mangue é uma arquitetura natural aérea, onde a memória ainda flutua através das redes das raízes e o respiro da maré oxigena um conhecimento de resistência numa condição de resistência pelo conhecimento. Aqui entramos num imaginário entrelaçado de várias dimensões convergentes: a epistemologia do rizoma, conceitos de educação militante e política, os ensinamentos de habitantes da comunidade Malafo, arquivos nómadas e noções agronómicas/botânicas de engenharia de mangais.
 
Leitura do Mangue é um mapa de conversas e uma jornada cinemática resultante de um empenho coletivo em falar sobre a natureza do rizoma e da sua resiliência. A escola do mangue não é uma metáfora para uma teoria de resistência, mas um organismo material para a partilha e produção de conhecimento, que evoluiu de uma luta anti-colonial e tomou o ecossistema do mangue como lugar permanente da sua luta – ligar raízes / desligar raízes, aprender / desaprender. A condição militante agropoética que é um tornar-se latente.
 
Curadoria: Daniel Ribas, Nuno Crespo

VISTAS DE EXPOSIÇÃO
Fotos © Carlos Lobo

 
 
 

 

 

TER – SEX · 14H00 – 19H00
Sala de Exposições da Escola das Artes
ENTRADA LIVRE*

*O acesso à exposição é condicionado às seguintes regras:

  • Utilização obrigatória de máscara
  • Desinfecção das mãos com álcool-gel à entrada (disponível no local)
  • Higienização dos auscultadores antes e após cada utilização (produtos disponíveis no local)
  • Distanciamento social obrigatório de dois metros entre visitantes
  • Lotação limitada a cinco visitantes em simultâneo
  • Duração máxima por visita de trinta minutos 

 


BIOGRAFIAS
 
Sónia Vaz Borges
Sónia Vaz Borges é historiadora militante interdisciplinar e organizadora político-social. Doutorada em história da educação pela Universidade Humboldt de Berlim. É autora do livro Militant Education, Liberation Struggle; Consciousness: The PAIGC education in Guinea Bissau 1963-1978, (Peter Lang, 2019). Atualmente é pesquisadora da Universidade Humboldt de Berlim. Como parte de seu trabalho académico, Vaz Borges está a desenvolver um projeto de livro sobre o conceito de
“arquivo errante” e o processo de memória e imaginários.
 
Filipa César
Filipa César produz filmes, textos e organiza encontros. Interessa-se pelos aspectos ficcionais do documentário, pelas fronteiras porosas entre o cinema e a sua recepção e pelas políticas e poéticas inerentes ao ritual coletivo da imagem em movimento. Desde 2011, investiga o cinema, a cultura e a ciência militante
dos Movimentos de Libertação Africana na Guiné-Bissau como um laboratório de crítica às epistemologias colonias atuais. Iniciou os projetos coletivos
Luta ca caba inda e Mediateca Onshore. César tem apresentado o seu trabalho internacionalmente em festivais de cinema, bienais e espaços de arte contemporânea.
 
Nuno Crespo
Atual Diretor da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa, é licenciado e doutorado em filosofia pela Faculdade de Ciência Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. As suas atividades de investigação têm sido dedicadas ao cruzamento entre arte, arquitetura e filosofia e às possibilidades de exercício do pensamento crítico. Tem dedicado artigos a autores como Adolf Loos, Aldo Rossi, Kant, Peter Zumthor, Wittgenstein e Walter Benjamin. Das suas publicações podem destacar-se trabalhos sobre Adriana Molder, Aires Mateus, Axel Hütte, Bernd e Hilla Becher, Candida Höfer, Daniel Blaufuks, Fassbinder, Gerhard Richter, Luisa Cunha, Pedro Costa, Rui Chafes, Vasco Araújo, entre outros, e os livros “Wittgenstein e a Estética” e “Julião Sarmento. Olhar Animal.” Em prolongamento das suas atividades de investigação é crítico de arte e fez a curadoria de diversas exposições.

Daniel Ribas
Daniel Ribas (Porto, 1978) é investigador, programador e crítico de cinema. Professor auxiliar Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa, é membro da direção do CITAR – Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes e editor do CITAR Journal. É, ainda, programador do Porto/Post/Doc: Film & Media Festival – do qual foi Diretor Artístico entre 2016 e 2018 – e do Curtas Vila do Conde. Doutor em Estudos Culturais pelas Universidades de Aveiro e do Minho, escreveu diversos artigos e capítulos de livros sobre cinema português, cinema contemporâneo e documentário.

 

 
 
Organização
 
Este projeto é financiado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia no âmbito do projecto Ref.ª UID/00622/2020.
 
 
Este projeto foi desenvolvido no âmbito do projeto NORTE-01-0145-FEDER-022133, cofinanciado pelo Programa Operacional Regional do Norte (NORTE 2020), através do Portugal 2020 e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
 
Cortesia
Cristina Guerra Contemporary Art
 
Apoios
República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes
Fundação Calouste Gulbenkian
Haus der Kulturen der Welt
Harun Farocki Institute
"la Caixa" Foundation
Câmara Municipal do Porto (Programa de Apoio à Programação Artística CRIATÓRIO)